O que o apagão no Amapá tem a nos ensinar sobre serviços públicos? O apagão que atingiu o estado do Amapá, no norte do país, chegou ao 7º dia nesta segunda-feira (09/11). Cerca de 90% da população do estado, o que equivale a 765 mil pessoas, ficou sem energia elétrica depois que um incêndio atingiu a principal subestação da região.
Bastou um incêndio destruir um transformador para revelar à população o que significa a privatização do sistema de energia elétrica. A Isolux, empresa espanhola que opera a linha de transmissão de 500 kv Tucuruí-Macapá-Manaus e que liga o Amazonas, o Amapá e oeste do Pará à Usina Hidrelétrica de Tucuruí, não conseguiu até agora fazer a substituição do transformador que pegou fogo.
Precisou que a Eletronorte, uma empresa estatal, entrasse no circuito para amenizar os danos e devolver eletricidade ao Amapá. A Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, que pertence à estatal Eletronorte, está funcionando e fornecendo parte da energia para a população. Não é suficiente para a demanda do estado, mas já ajudou a tirar o problema da estaca zero.
Isso revela que quem está resolvendo o problema no estado é o serviço público. São as empresas públicas, com suas equipes capacitadas, que estão em todos os lugares quando ocorrem apagões.
Uma situação semelhante ocorreu em 2018, quando um apagão atingiu diversos estados brasileiros por um teste mal sucedido da State Grid, empresa chinesa que detém metade da transmissão do país. Quem resolveu o problema, à época, foi a Eletrobrás. Mais uma prova da eficiência do serviço público no sistema de energia elétrica.
Entregar o setor elétrico a uma empresa privada, em que não há fiscalização do projeto, é deixar a população à mercê de um trabalho que, muitas vezes, não é bem feito, sem o equipamento e os materiais mais adequados. Além disso, há o corte de mão de obra, deixando o quadro de pessoal insuficiente, visando apenas maximizar os lucros.
A reflexão que fica é essa: por que entregar as empresas do setor elétrico para empresas privadas que só visam ao lucro? A população brasileira precisa saber que os serviços públicos são essenciais para a entrega de direitos!