FOSPERJ oferece solidariedade aos profissionais da Saúde

É preciso cuidar de quem cuida para que não falte atendimento à população. É por isso que, ao reunir entidades representativas de servidores públicos do estado, o Fórum Permanente de Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (FOSPERJ) tem o dever de se somar às lutas da área da Saúde neste momento difícil de pandemia. 
 
Diante da falta de ações e políticas públicas nacionais para o combate e a prevenção à Covid-19 por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o número de casos e óbitos seguem crescendo. No Brasil, 110.019 pessoas morreram vítimas do novo coronavírus, e os casos confirmados passam de 3 milhões. O estado do Rio de Janeiro teve 14.728 óbitos e 199.480 casos confirmados, conforme dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Saúde divulgados no dia 18 de agosto.
 
O presidente da República coloca os profissionais da Saúde, bem como toda a população, em risco ao promover aglomeração de seus apoiadores negligenciando as medidas de segurança propostas por órgãos do mundo inteiro, como o distanciamento social e o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Além disso, o presidente não respeita os profissionais da área ao, constantemente, fazer declarações hostis, incentivando agressões aos trabalhadores em seu ambiente de trabalho, e ao reforçar o uso de medicações, como a hidroxicloroquina, para a qual não há comprovação científica de sua eficácia contra a doença. 
 
Na linha de frente da luta contra a Covid-19, os servidores da Saúde são os mais expostos ao vírus. Por todo país, estamos assistindo inúmeros protestos dos profissionais para reivindicar maior proteção aos que estão na ativa sem condições adequadas para o atendimento, utilizando EPIs de péssima qualidade e de maneira racionada e sem atender aos protocolos recomendados para o tempo de troca, além da sobrecarga de trabalho causada pela diminuição drástica de profissionais concursados.
 
Nos hospitais de campanha, a terceirização corre desenfreada. O FOSPERJ defende a contratação de profissionais por meio de concurso público, com valorização salarial e respeito às leis trabalhistas, e repudia a forma como esses trabalhadores estão sendo tratados pelo governo e Organizações Sociais (OSs), principalmente, diante da gravidade da pandemia do novo coronavírus.
 
De acordo com os questionáveis dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, da semana de 02 a 08 de agosto, foram notificados 243.342 casos confirmados entre profissionais de 53 categorias da Saúde diagnosticados com Covid-19. O número de óbitos desses trabalhadores chega a 980, e 445 encontram-se em investigação. Dentre as profissões mais prejudicadas, estão os técnicos/auxiliares de enfermagem. Sabemos que, mesmo entre os profissionais, a subnotificação é grande devido a falta de testes.
 
É por todos esses alarmantes fatos que o FOSPERJ se solidariza com os servidores que, além de estarem na linha de frente na atual crise sanitária causada pela pandemia, também oferecem suas vidas para salvar outras. O Fórum se sensibiliza pelos familiares, amigos e colegas de profissionais de saúde que morreram por Covid-19. Estamos em defesa não somente dos servidores, mas também de toda população brasileira que tem seus direitos à saúde ceifados, já que, quanto mais sacrificados os servidores, pior é a entrega de um serviço público de qualidade.
 
Nosso compromisso é a continuidade da luta contra a intervenção militar do Ministério da Saúde, que se mostra incompetente em promover o trabalho técnico frente à pandemia. Sabemos que a maior parte das mortes por Covid-19 em nosso país poderiam ser evitáveis se o Governo Federal não demonstrasse um comportamento genocida frente à pandemia. Se ao invés de promover esse desastre que estamos assistindo, se preocupasse em oferecer um aporte adequado de financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde) sem congelar os gastos em saúde pública por 20 anos (Emenda Constitucional 95), a situação do país seria bem diferente.